Por
Reinaldo Canto
Se
já não bastassem as corriqueiras barbaridades
cometidas contra o Meio Ambiente, especialmente na nossa
já tão debilitada Mata Atlântica,
ainda somos obrigados a assistir a essa irracional caçada
e assassinato de primatas, sendo que várias dessas
espécies já se encontram na lista de animais
em processo de extinção, tais como, Bugio,
o Macaco-prego-de-crista, além do Muriqui do sul
e do norte.
A
situação ficou tão grave pelos diversos
casos registrados nos estados de São Paulo e Minas
Gerais que levou o Ministério do Meio Ambiente
a emitir um alerta à sociedade sobre a gravidade
desses atos de violência. Além de informar
que os agressores estão cometendo um crime passível
de detenção, a nota do ministério
esclarece que os macacos não são responsáveis
pela transmissão da febre
amarela aos humanos.
Em
recente declaração, o diretor de Conservação
e Manejo de Espécies do MMA, Ugo Vercílio
alertou: É importante que a população
tenha plena consciência de que os macacos não
são responsáveis pela existência do
vírus e nem por sua transmissão a humanos.
Eles precisam ser protegidos.
Os
macacos muitas vezes são os primeiros a serem infectados
e as primeiras vítimas, contribuindo até
mesmo para deixar populações em alerta.
Os primatas agem como verdadeiros anjos da guarda
dos seres humanos, pois quando ocorre a morte desses animais
em escala anormal, como vem ocorrendo em determinadas
regiões da Mata Atlântica, isso é
um indicativo da presença do vírus,
ressaltou Danilo Simonni Teixeira, presidente da Sociedade
Brasileira de Primatologia.
Sem
computar as brutalidades humanas, o Ministério
da Saúde já registrou 968 mortes de primatas
com suspeita de febre amarela, desde dezembro de 2016.
Desses 386 já foram confirmadas como sido causadas
pela doença.
A RESPONSABILIDADE DA TRAGÉDIA DA SAMARCO
Tão
grave quanto responsabilizar animais indefesos pela febre
amarela em humanos é a forte suspeita de que a
doença tenha surgido em cidades mineiras próximas
ao Rio Doce e que foram afetadas pelo rompimento da barragem
da Samarco, em Mariana. Só em Minas Gerais
o surto atingiu 152 cidades e mais de 100 mortes de pessoas
já foram confirmadas sendo que outros casos permanecem
em análise.
O
desmatamento provocado pela tragédia e o forte
impacto na saúde dos animais dessas localidades
podem ter desencadeado o surgimento da doença.
Essa suspeita foi levantada pela bióloga Márcia
Chame, coordenadora dos estudos de Biodiversidade e Saúde
Silvestre na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo ela, "Com o estresse de desastres, com a
falta de alimentos, eles se tornam mais suscetíveis
a doenças, incluindo a febre amarela".
Este
episódio revela mais uma vez como a ignorância
acompanhada muitas vezes de suas irmãs siamesas,
a irresponsabilidade e a ganância vitimam com frequência
alarmante o nosso meio ambiente.
Os
primatas que habitam as nossas já escassas florestas
de Mata Atlântica cumprem um papel fundamental para
a preservação da biodiversidade e, portanto,
merecem todo o nosso respeito.
Mata-los
de maneira estúpida e sem sentido, nos tornam menos
humanos e nossa existência neste planeta ainda mais
pobre.
LEGISLAÇÃO
E DENÚNCIA
A
legislação ambiental é clara: matar
ou maltratar animais é crime, cuja pena pode chegar
a um ano de detenção, além da aplicação
de multa. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
a população deve denunciar casos de violência
contra animais da fauna brasileira pelo serviço
Linha Verde.
Fone:
0800-61-8080
E-mail: linhaverde.sede@ibama.gov.br
Fone
136: informar às autoridades em saúde
a ocorrência de animais mortos ou com suspeita da
doença.
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